Ademir Ramos (*)
É de costume avaliar o desempenho dos governos nos 100 primeiros dias. Lula em Brasília e Wilson Lima no Amazonas. Duas realidades diferentes no mesmo contexto democrático e republicano.
Vamos focar nossos holofotes para Brasília e analisar o curso das ações quanto à sua governabilidade, lembrando que o Lula volta ao governo pela vontade soberana do povo depois de derrotar nas urnas o capitão Bolsonaro.
No Amazonas, a conjuntura é outra a onda bolsonarista, sobretudo em Manaus, assegurou a reeleição de Wilson Lima no governo, mesmo com a vitória de Lula no estado.
Conjunturas diferentes, mas vamos nós analisa-las numa perspectiva centrada da inclusão social, sustentabilidade e numa economia verde descarbonizada, principalmente, se tratando do nosso Amazonas.
Quanto ao governo Lula o avanço no curso das questões sociais, étnicas, raciais e gênero avançamos se compararmos com o governo anterior. Contudo, embora tenha desarmado algumas minas no curso de suas ações, o governo Lula continua patinando na economia estruturante chamada de “neoindustrialização”.
Tal ressalva é importante porque sabemos do quanto o econômico é determinante para o ordenamento da sociedade. Nesse sentido, o governo Lula parece que “pegou o touro pela unha” enfrentando de cara a Reforma Tributária e simultaneamente a discussão e definição do Arcabouço Fiscal como regramento para economia política de governo.
O embate travado está no Congresso Nacional quanto à aprovação das medidas e no Banco Central relativo ao controle da política financeira nacional a se manifestar nas altas taxas de juros. Nada que não se resolva nos termos de uma política fiscal responsável.
No estado do Amazonas, Wilson Lima parece que foi acometido pela síndrome patológica da reeleição. A mesmice tornou-se recorrente, alguns afirmam de boca cheia que “time que está ganhando não se mexe”. Por esta razão, continua seu governo de forma fragmentado e desarticulado centrado no mandonismo de suas ações focado numa prática política corporativa em alinhamento com grupos econômicos poderosos, é o que diz a oposição, a se beneficiar diretamente das benesses governamentais.
Bem diferente do governo Lula que até o presente não conseguiu se livrar do carma bolsonarista.
Política e economicamente, o governo Wilson Lima tem todas as condições de formular e realizar um governo promotor da sustentabilidade assentado numa economia verde descarbonizada se interesse houver. No entanto, tem sido claudicante quanto à educação, cultura, meio ambiente, saúde enfim, responsabilidade social em atenção a nossa gente.
Lula em Brasília tenta furar a bolha bolsonarista e por aqui Wilson Lima tem acumulado mais do que distribuído, eis a razão do desemparo, desigualdade e abandono social da nossa gente, mas vamos dar crédito ao tempo para balizar o futuro.
(*)É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do Núcleo de Cultura Política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. ademiramos@hotmail.com