O AVESSO DO AVESSO  – Parte 1
Bolsonaro ganhou no Amazonas em 2018 e se manteve em alta nos anos subsequentes, mas tem feito um enorme esforço para mudar essa realidade e se tornar persona non grata por essas bandas. A mais recente proeza, o famigerado decreto que se mantido como está afetará dramaticamente o PIM – Polo Industrial de Manaus, render-lhe-á uma anti-honraria nos próximos dias: o título de “Cidadão Inimigo do Amazonas”, a ser concedido pela CUT – Central Única dos Trabalhadores e outras entidades em solenidade que acontecerá em praça pública. Será que ele vai receber a comenda pessoalmente ou mandará Coronel Menezes como preposto?

PEGA TUA MERENDA
A “homenagem” é um protesto bem-humorado e faz referência ao título de Cidadão do Amazonas concedido ao presidente em 2021, por proposta do deputado Delegado Péricles (PSL) aprovada no dia 20 de abril em regime de urgência, para que Bolsonaro recebesse a honraria dois dias depois, durante a inauguração de um novo pavilhão do Centro de Convenções Vasco Vasques, na qual jurou fidelidade ao povo brasileiro. E a partir da qual os tolos acreditaram que o Amazonas fazia parte do Brasil.

COMO NA MARCHINHA DE CARNAVAL 
Na sessão que aprovou a puxada na ozonizada bolsa escrotal presidencial estavam 21 dos 24 deputados estaduais. E o resultado foi uma grande lavagem, com 19 votos a favor e apenas um contra. O balaio da adulação juntou bolsonaristas-raiz, neobolsonaristas e revelou uma penca de parlamentares do tipo “parece (oposição) mas não é”, como o Denorex dos anos 1980, que tinha cheiro de remédio, parecia remédio e agia como remédio, mas na verdade era um shampoo anticaspa, segundo anunciava a publicidade.

A LISTA É LONGA 
Fizeram parte do cordão pró-Bozo, ou seja, do trem da alegria geral, os deputados Abdala Fraxe e Wilker Barreto (Podemos), Álvaro Campelo (Progressista), Delegado Péricles (PSL), Dr. Gomes (PSC), Felipe Souza (Patriota), Belarmino Lins e Mayara Pinheiro (PP), Cabo Maciel (PL), João Luiz (Republicanos), Saullo Viana (PTB), Nejmi Aziz, Ricardo Nicolau e Tony Medeiros (PSD), Adjuto Afonso (PDT) e Therezinha Ruiz (PSDB), além de Carlinhos Bessa e Roberto Cidade (PV).

DIGO, MAS NÃO FAÇO 
As vozes dissonantes foram Serafim Correa (PSB) e Dermilson Chagas (Podemos). O primeiro de forma incisiva, com posicionamento e voto contrários e registro de que Bolsonaro nunca demonstrou ser amigo do Amazonas, a exemplo de seu comportamento no auge da pandemia e da crise do oxigênio. O segundo nem tanto, apenas questionando criticando a postura presidencial em relação à ZFM, mas se omitindo de votar com uma estranha abstenção.

AINDA BEM QUE NÃO FUI 
Escaparam do mico, por uma providencial ausência, Ângelus Figueira (DC), Sinésio Campos (PT) e Joana Darc (PL), sendo que esta última ainda estava em licença maternidade.

MENTE QUE NEM SENTE 
Enquanto isso, tal qual o recepcionista Tattoo de A Ilha da Fantasia, seriado que fez muito sucesso nos anos 1970/80, Paulo Guedes, o sinistro da Economia, tenta pintar o Brasil como um lugar próspero, feliz e com um governo responsável, para convencer a todos de que a perda total aproximada de 21 bilhões de reais/ano com a redução da alíquota do IPI não afetará os estados, que “estão com excesso de arrecadação”, no que é contestado pelo Comsefaz – Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, segundo o qual o FPE – Fundo de Participação dos Estados perderá R$ 4,5 bilhões, e FPM – Fundo de Participação dos Municípios R$ 5,3 bilhões, fora outras perdas.

CARA A TAPA 
Em meio a tudo isso, uma coisa boa é que grande parte dos políticos locais estão deixando as contendas pré-eleitorais um pouco de lado e se juntando em defesa da ZFM. De repente sentaram à mesma mesa nessa segunda-feira de carnaval o prefeito David Almeida, o senador Omar Aziz, alguns deputados federais e estaduais, além de especialistas em tributação, para discutir as possíveis saídas para a crise. Ainda que seja francamente pró-Bolsonaro, como já mostrou em várias ocasiões, David Almeida não hesitou em se colocar como protagonista nessa contenda que pode lhe render retaliações sim, porque o presidente é do tipo que odeia ser contrariado e adora guardar rancor.

O AVESSO DO AVESSO – Parte 2


Do lado dos bolsonaristas empedernidos Coronel Menezes, o autodeclarado líder das tropas bozozóicas no Amazonas, que teve passagem fugaz pela Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus, tem mantido solene distância do front em defesa da ZFM. Nas raras manifestações que fez depois do presente de grego dado por Bolsonaro justamente no aniversário de 55 anos do modelo que é o sustentáculo econômico do Amazonas, tudo que se ouve dele são criticas recorrentes a ex-governadores.

PAGOU DE MALUCO 
Estranho esse comportamento, justamente de quem publicamente, em passado recente, durante entrevista a Hissa Abrahão no programa Veja Bem, recorreu até a exemplo bíblico para demonstrar sua segurança de que a ZFM seria intocável no governo Bolsonaro: “Vou para Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na Bíblia, eu entro no fogo todo”, sapecou.

VIROU TORRADA
Segundo Daniel (3:16-30), em resumo, os três personagens não cederam em sua fé diante de Nabucodonosor e então foram amarrados e atirados numa fornalha superaquecida mas não sofreram nadica de nada e por isso o rei os enalteceu e os fez prosperar na Babilônia. Mas aqui no Amazonas, diante das sucessivas tentativas – principalmente desta última e mais violenta – de Pink e Cérebro do Planalto para acabar com a ZFM, é bom o Centro de Tratamento de Queimados do HPS 28 de Agosto ficar preparado para receber um freguês bem torradinho a qualquer momento.

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