Bastidores da Política
NEGÃO SAI DO RELENTO PARTIDÁRIO
Bem que tentaram, mas ainda não foi dessa vez que conseguiram deixar o Negão sem teto, ou melhor, sem partido e fora de uma disputa nas urnas. Nesta segunda-feira, 29, portanto bem antes do apagar das luzes do prazo para obtenção do chamado domicílio eleitoral, a acontecer no dia 2 de abril, o ex-(tetra)governador Amazonino Armando Mendes foi às suas redes sociais e anunciou a entrada no Cidadania, que formará federação com o PSDB, pelo qual disputará novamente o Governo do Amazonas.
Mas não é apenas um abrigo de campanha eleitoral que essa escolha representa. Com um só movimento o Negão se reconecta a um longínquo passado, alia-se a outro velho, experiente e quase sempre antagônico cacique político e mostra aos adversários que está vivíssimo no game.
MEU CORAÇÃO É VERMELHO
A reconexão ao passado é por conta de o Cidadania ser o antigo PPS – Partido Popular Socialista que, por sua vez, era o ainda mais antigo PCB – Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, do qual foi próximo quando militou no movimento estudantil. Isso foi lá atrás, bem atrás, é claro, na juvenil juventude, porque na política partidária El Nino passeou por PMDB, PDC, PPR, PPB, PFL, PTB, PDT e PODE até essa volta que nem chega a ser uma volta de fato, porque o Cidadania já não tem mais ninguém dos chamados militantes históricos e hoje está mais central do que nunca.
AMOR ESTRANHO AMOR
O velho antagonista é Arthur Neto, ex-(tri)prefeito de Manaus, adversário ferrenho em vários combates eleitorais, a começar na disputa pelo governo estadual em 1986, vencida por Amazonino mas com troco dois anos depois, em 1988, quando Arthur se elegeu prefeito de Manaus pela primeira vez derrotando ninguém menos que o lendário Boto Tucuxi, Gilberto Mestrinho, criador de muitas das criaturas que povoariam o arraial político local nessas últimas quatro décadas.
CONSELHO DE CACIQUES
Agora, com uma federação partidária para chamar de sua, um candidato peso-pesado ao Senado que é Arthur Neto, e dois nomes fortíssimos para puxar a chapa à Câmara Federal, que são Amom Mandel (Cidadania) e Conceição Sampaio (PSDB), sem contar com outros partidos que podem vir para sua órbita, Amazonino Mendes organiza a estrutura que, salvo uma reviravolta bastante improvável até 2 de outubro, o levará ao segundo turno das eleições dando tudo que Bolsonaro não queria: um palanque forte para o ex-(bi)presidente Luís Inácio Lula da Silva no Amazonas, no confronto final.
JOGO É JOGO, TREINO É TREINO
Quem tem mantido absoluta discrição nesses últimos tempos é Eduardo Braga (MDB), que vinha aparecendo em segundo nas pesquisas de intenções de votos do ano passado e, nas sondagens deste ano, foi ultrapassado por Wilson Lima (União). Peso-pesadíssimo da política baré, ex-(bi)governador, ex-ministro, senador de dois mandatos com longa carreira e forte influência no Congresso Nacional, Dudu, como é chamado por muitos, não tem buscado os holofotes, mas já deixou bem claro que é mais candidato do que nunca, porque a campanha de verdade está longe de começar e não passou nem da fase do esquenta.
BURACO NA CONTABILIDADE
O que não tem batido, nos números brandidos por A, B, C, W e outros, é o tanto de prefeitos e ex-prefeitos que estão aqui, ali e acolá. Tivesse o Amazonas o dobro dos seus atuais 62 municípios (incluindo Manaus), ainda assim faltaria gente para completar a cota que cada um diz ter de mandatários e ex-mandatários interioranos fechados, fechadíssimos, amarradíssimos com suas respectivas candidaturas. Esperemos, pois, para ver como ficarão não os palanques, e sim os movimentos finais nos beiradões. Quem navegar constatará.
FORA DE CARTAZ
Parece ter sido curtíssima a temporada do filme “A morte e a morte da Zona Franca de Manaus”. Mais de um mês depois da assinatura do fatídico decreto elaborado por Cérebro e assinado por Pink do Planalto, e de meia dúzia de seis fotos registrando a pantomima planaltina para uso descarado em campanha, o decreto que reformaria o decreto virou a Conceição da música imortalizada na voz do inigualável e inoxidável Cauby Peixoto: “ninguém sabe, ninguém viu”. Os salvadores estão, agora, cuidando de outros afazeres de campanha, porque o tempo é curto, a roda gira e a ZFM que se coce com sua pira.
EMERGÊNCIA MÉDICA
Por falar em Planalto, a agonia deve estar grande por lá nesses últimos dias, para tratar das queimaduras de terceiro grau sofridas por Bolsonaro em defesa do ex-sinistro da Educação, Milton Ribeiro, aquele tal articulador-avalista das “ourações” em prol do faz-me rir dos pastores da estimação presidencial nos agenciamentos das verbas do MEC – Meu Estimado Comissionamento.
NÃO ACABA NEM FICA POUCO
Aliás, quando Bozoman pensava que uma nova degola na Petrobrás seria suficiente para desviar a atenção do escândalo ouropastoril, eis que tacaram uma Lola na Palooza dele “dicunforça” e não teve outra saída senão a velha e surrada internação por entupimento do sistema de escapamento. E o pior foi ter que irritar seu partido dizendo que não mandou calar a boca de ninguém e que ama a liberdade de expressão, desde que seja a dele e da horda bozozóica, naturalmente.
NOTA DE RODAPÉ
A toque de caixa e abrindo mão do direito de indicar um nome a Assembleia Legislativa do Estado aprovou por unanimidade dos presentes na sessão desta quarta-feira, 30, o escolhido pelo governador do Estado para ocupar a vaga aberta no TCE – Tribunal de Contas do Estado com a aposentadoria antecipada do conselheiro Júlio Cabral, que o colegiado daquela corte acatou anteontem, terça-feira, dia 29. Foi tipo assim, vapt-vupt o processo.
O novo dono do emprego vitalício é o ex-secretário estadual de Educação Luís Fabian Pereira Barbosa, que no momento responde pela Secretaria de Articulação do Estado. Com 42 anos de idade, terá 33 anos pela frente como conselheiro, pois a aposentadoria compulsória no TCE é aos 75 anos de idade.
Osmir Medeiros
Colunista d’o Ralho, foi editor de economia Jornal Amazonas Em Tempo e editor de Opinião Jornal do Commercio, entre outros veículos.E-MAIL: osmirmedeiros@gmail.com