Bastidores da Política
NÃO CONFUNDAM ALHOS COM BUGALHOS
O acordo para o possível lançamento de uma candidatura única à Presidência da República feito no início de março por União, MDB e PSDB/Cidadania é apenas o que é: uma possibilidade de associação. Os três gigantes partidários podem vir a caminhar juntos, mas separados porque não cogitam, em hipótese nenhuma, formar uma federação. Cada um tem seu patrimônio eleitoral e de mandatos consolidado. São, respectivamente, a quarta, a sétima e a oitava bancadas na Câmara Federal, com 47, 35 e 27 deputados, respectivamente. Fazer federação e se obrigar a sair com chapas únicas para cargos proporcionais seria suicídio, e dos grandes, para os três.
ESSA TAL TERCEIRA VIA
O que buscam, com uma possível candidatura presidencial conjunta, primeiramente é ter um nome que realmente se credencie como alternativa a Bolsonaro e Lula, quebre a atual polarização e seja a tal “terceira via”, mas em condição viável; segundamente, se isso não acontecer (o que parece mais provável), é eleger o máximo de deputados federais e senadores (exatamente nessa ordem) para compor bancadas fortes no Congresso Nacional e garantir influência no novo governo, seja quem estiver na cadeira presidencial.
JUNTOS MAS NÃO MISTURADOS
Em que essa hipotética (e ponha-se hipotética nisso) associação partidária para candidatura presidencial muda o quadro de candidaturas ao Governo do Amazonas, uma vez que o União vai de Wilson Lima, a federação PSDB/Cidadania vai de Amazonino Mendes e o MDB vai de Eduardo Braga? Em nada, visto que se isso acontecer não terá efeito cascata, ou seja, não obrigará esses partidos a se unirem nos estados porque, repita-se, não é uma federação. Cada qual continuará no seu cada qual e ponto final.
CADÊ O MEU PALANQUE?
Aliás, se há alguém que pode vir a ter algum embaraço nessa história é Wilson Lima. Explica-se: Amazonino não terá problema algum em fazer palanque para João Dória ou para o candidato nacional conjunto, seja quem for, pois é da federação PSDB/Cidadania. Eduardo Braga idem, pois é do MDB. Já Wilson Lima, cuja candidatura está umbilicalmente ligada a Bolsonaro, para o qual armará o palanque estadual juntamente com o super-hiper-megapower grupo político que está reunindo, no qual estão praticamente todos os bolsonaristas locais, dos chamados “raiz”, como Alberto Neto e Pablo Oliva, aos “neo”, como Alfredo Nascimento e Átila Lins, ficará de saia justa, justíssima.
ADIOS HERMANO
O ingresso de Humberto Michiles no PSDB provavelmente é o ponto que faltava na costura de Arthur Neto e Amazonino Mendes para fechar a camisa de força na qual enfiaram Plínio Valério. Além do candidato ao Senado os tucanos ganham um nome para compor a chapa ao Governo do Estado como vice e o Negão ganha o companheiro de chapa com o qual sonhava. Xou da Xuxa: todo mundo sai feliz. Menos Plínio é claro. Mas como até hoje, ao que se sabe, ninguém conseguiu fazer omelete sem quebrar ao menos um ovo…
RODA MOINHO, RODA PIÃO
Melancólica a troca do Podemos, onde estava filiado para ser candidato à Presidência da República, pelo União, para uma candidatura a deputado federal, feita pelo ex-juiz Sérgio Moro. Ainda mais porque foi uma saída pela porta dos fundos, meio que na surdina, “sem foguete, sem retrato e sem bilhete”, como na música “Ultimo desejo”, de Noel Rosa.
O REAL E A FANTASIA
Além de tudo foi uma mudança do centro para o centro, igual levantar do sofá para sentar na poltrona da mesma sala. Um movimento que expõe a Moro algo que relutava em admitir: a de que a sombra sempre distorce a real dimensão das pessoas.
SEPARADOS NO FINAL
Todas aquelas ilusões, de super, de paladino, de salvador nas quais acreditava, “desMOROnaram” ao se chocar com a realidade da estagnação bem abaixo dos dois dígitos nas pesquisas de intenções de votos, como dizem os inúmeros memes circulando pelas redes sociais.
Osmir Medeiros
Colunista d’o Ralho, foi editor de economia Jornal Amazonas Em Tempo e editor de Opinião Jornal do Commercio, entre outros veículos.E-MAIL: osmirmedeiros@gmail.com