ME ENGANA QUE EU GOSTO
Não adianta fingir surpresa diante da sentença de morte do Polo Industrial de Manaus (PIM) decretada por Jair Bolsonaro nessa sexta-feira, 25, com a redução linear de 25% na alíquota do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados para todo o País. Nem dele nem de seu “sinistro” da Economia, Paulo Guedes, se poderia esperar outra coisa, pois nunca esconderam a intenção de acabar com os incentivos fiscais que nos asseguram as vantagens comparativas essenciais à atração e manutenção de investimentos produtivos. Enganou-se quem quis.
DE JURAS QUEBRADAS, TRAIÇÕES E ESCARROS
Vários foram os ataques do Governo Federal ao PIM desde o início da era bozozóica, uns de forma disfarçada em meio a medidas aparentemente desconexas, outros explícitos e escancarados, como este de agora, que vem mesmo depois de seguidas afirmações do ex-Posto Ipiranga quanto ao respeito às garantias constitucionais da ZFM, inclusive por meio de sua representante na 302ª reunião ordinária do CAS – Conselho de Administração da Suframa que aconteceu dia 24, quinta-feira passada, na capital amazonense. “O beijo, amigo, é a véspera do escarro” e “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, como diz o Poeta da Morte, Augusto dos Anjos, no seu “Versos Íntimos”.
RAZÕES QUE A RAZÃO NÃO EXPLICA
Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia e Roraima, os cinco estados do norte abrangidos pela ZFM, deram vitória a Bolsonaro em percentuais que variaram de 60% a 90%. E o Amazonas, por motivos inexplicáveis, segue como um dos maiores redutos do bolsonarismo, mesmo com tudo de mal que o Governo Federal tem feito ao Estado e à região, tipo fazer vistas grossas ao desmatamento ilegal e desenfreado, incentivar a atividade garimpeira até em terras indígenas e daí por diante. Só pode ser coisa do Sobrenatural de Almeida, o fantasma ao qual o escritor, jornalista, dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues responsabilizava por tudo de ruim que acontecia ao Fluminense Football Club, seu time de coração.
NO FIM, APENAS SOLIDÃO
Depois desse ataque brutal ao modelo que sustenta o desenvolvimento socioeconômico da região e mantém 92% da nossa floresta em pé, como se costuma decantar em verso e prosa quando é conveniente mostrar uma boa imagem do Brasil nos palcos internacionais, só resta apresentar aos “apedrejados” do Amazonas o que disse Augusto dos Anjos no primeiro trecho do mesmo “Versos Íntimos”:
“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!”