A HORA E A VEZ DE SABÁ REIS?
Sebastião da Silva Reis, que saiu de Parintins, no Baixo Amazonas, para construir uma sólida carreira político-eleitoral a partir da militância nos movimentos sociais comunitários, com um currículo que inclui um mandato de vereador na capital, cinco de deputado estadual, cargos na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e titularidade em secretarias tanto no Governo do Amazonas quanto na Prefeitura de Manaus, está prestes a viver um momento mágico: a filiação ao Avante, partido do prefeito David Almeida, anunciada como um dos grandes acontecimentos políticos numa semana politicamente intensa.
FAVORITISMO NAS BANCAS
É que Sabá Reis, como é mais conhecido, deixará o cargo de secretário municipal de Limpeza Pública que ocupa desde o início da atual gestão nos próximos dias, para ficar legalmente apto a disputar as próximas eleições. E nas bancas de apostas, é tido como pule de dez entre os que disputam a indicação do prefeito manauara para a vaga de vice-governador na chapa de Wilson Lima (PUB), atual governador, que disputará a reeleição.
LAÇOS FORTES E HOLOFOTES
Parceiros políticos desde quando foram deputados estaduais simultaneamente, Almeida e Reis vêm construindo uma relação de amizade e fraternidade muito forte, que pode ser conferida na carta branca que o prefeito lhe deu para fazer o que fosse necessário à melhoria da paisagem da cidade não somente no aspecto visual, também nos serviços de limpeza urbana, na conservação dos patrimônios públicos, na valorização dos servidores das áreas sob seu comando e até em algumas obras de infraestrutura.
PRONTO PARA A COLHEITA
Liberado e com condições de trabalhar, Sabá Reis “virou um motorzinho”, como diz no popular em referência a alguém que não para, nesses 15 meses de gestão. Correu atrás, fez-se notar como homem público dinâmico e trabalhador, ganhou uma festa para marcar sua nova filiação partidária e se pôs na vitrine. É o único nome de David Almeida para essa indicação? Não, até porque o gás, a força que ajudará a impulsionar a chapa majoritária é a do próprio prefeito, hoje muito bem avaliado pela população de Manaus. Mas que está muito bem posicionado, com certeza está.
NO LADO DIREITO DA RUA DIREITA (1)
A passagem é muito estreita e, tudo indica, a briga será sangrenta pela “unção” conservadora a um candidato preferencial ao Senado pelo Amazonas, em 2022. Ilharga da ilharga, com direito a cotoveladas nas costelas, dois nomes embolam-se nessa disputa. De um lado, já filiado ao PL – Partido Liberal no qual entrou Jair Bolsonaro, o coronel reformado do Exército Alfredo Alexandre de Menezes Júnior, que adotou como nome de guerra Coronel Menezes. Do outro, pelo Avante do prefeito de Manaus, David Almeida, o ex-vereador Marco Antonio Ribeiro Souza da Costa, conhecido como Chico Preto.
NO LADO DIREITO DA RUA DIREITA (2)
Na última pesquisa de intenções de votos para o Senado, divulgada pelo Instituto Perspectiva Mercado e Opinião dia 8 deste mês, Coronel Menezes e Chico Preto apareceram na terceira e quarta colocações, com 14% e 10,7%, respectivamente. Considerando a margem de erro de 2% para mais ou para menos, pode-se dizer que estão tecnicamente empatados. E como há muito chão a percorrer até 2 de outubro, o porradal tende a ser feio nessa pofia que não representa somente o título de mais conservador dos conservadores e mais direitista dos direitistas, mas também (e principalmente) a única e cobiçada vaga para o Senado nas eleições deste ano.
NO LADO DIREITO DA RUA DIREITA (3)
A lógica é simples e está muito clara nas declarações de Chico Preto, de que sua candidatura é inarredável, irredutível, irrevogável, irretratável, irrefreável e imexível (como diria Antonio Rogério Magri, ministro do Trabalho do governo Collor), e no desafio que lançou não a Omar Aziz e Arthur Neto, empatados na liderança, e sim ao terceiro colocado: “Vamos lá, Menezes? Debater e permitir que os cidadãos eleitores de direita façam suas escolhas?”
NO LADO DIREITO DA RUA DIREITA (4)
Macaco velho na política eleitoral, na qual começou aos 23 anos e acumulou quatro mandatos de vereador em Manaus e chegou à Presidência da Câmara, dois mandatos de deputado estadual e passou por oito partidos (PSC, PP, PPS, PMDB, PSD, PMN, DC e Avante), sabe que a fração que se identifica como conservadora equivale a cerca de um terço do eleitorado amazonense. E como a eleição para o Senado, apesar de majoritária, não tem segundo turno, os conservadores têm potencial para eleger o senador neste ano se concentrarem seus votos. Capisce?
BOLA ROUBADA
Um dos grandes eventos político-eleitorais da semana, a festa pública de filiação de Wilson Lima ao PUB – Partido União Brasil programada para a manhã deste sábado, 26, na quadra da escola de samba Reino Unido da Liberdade, do grupo especial do carnaval de Manaus, quase faz água. Quase porque, devido a pressões internas, a direção da agremiação decidiu desfazer o acerto de aluguel do espaço, que tem estrutura para acolher cerca de cinco mil pessoas, na manhã desta quarta-feira, 23.
RECUPERAÇÃO IMEDIATA
Os organizadores da festa de Lima, entretanto, foram rápidos e certeiros na resposta, fechando com a escola de samba Mocidade Independente de Aparecida, também do grupo especial do carnaval manauara e arquirrival da Reino Unido. De uma só tacada garantiram um espaço de estrutura equivalente para o evento e anularam o movimento das “forças ocultas” que teriam se mexido nos bastidores para fechar as portas da quadra do Morro da Liberdade.
AMOSTRAS GRÁTIS
Isso foi somente uma singela amostra do que vem pela frente nessa campanha eleitoral, com um puxando do tapete do outro a cada instante, especialmente no que tange às candidaturas majoritárias. E olha que ainda estamos na fase de filiações partidárias, para cumprimento do prazo mínimo de domicílio eleitoral para quem disputará cargo nessas eleições, que é de no mínimo seis meses antecedentes à data do primeiro turno, 2 de outubro. O caldo começará a engrossar do dia 3 de abril em diante, quando se intensificarão as articulações para composição das chapas e blocos partidários.
LIMPEZA DOS TEMPLOS
Estivesse vivendo no Brasil de hoje, Jesus estaria no mínimo com LER (Lesão por Esforços Repetitivos) nos dois braços de tanto expulsar vendilhões de templos à base de chicotadas. Mas dificilmente daria conta dessa tarefa, dada a quantidade dessa laia que precisaria enfrentar diuturnamente e todos os dias. E ai do coitado se resolvesse dar uma incerta de vez em quando nos gabinetes ministeriais, principalmente no MEC – Ministério da Educação, onde a liberação de recursos para estados e municípios está condicionada a um “faz-me rir” obrigatório para pastores.
SENADO APROVA LEI ALDIR BLANC 2
Ao menos pelos próximos cinco anos a cultura brasileira terá recursos financeiros garantidos por lei. Aprovado pelo plenário do Senado Federal nesta quarta-feira, 23, o Projeto de Lei 1.518/2021 (Lei Aldir Blanc 2), que institui a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura e aumenta para cinco anos o benefício que já está em vigor, instituído pela Lei 14.017/2020, a Aldir Blanc 1, que ajudou a socorrer trabalhadores do setor cultural em 2021, agora vai à sanção presidencial.
Se for sancionada como está, sem vetos, a lei deve assegurar o repasse anual de cerca de R$ 3 bilhões da União a estados, Distrito Federal e municípios.
Osmir Medeiros
Colunista d’o Ralho, foi editor de economia Jornal Amazonas Em Tempo e editor de Opinião Jornal do Commercio, entre outros veículos.E-MAIL: osmirmedeiros@gmail.com