EMERSON LEÃO E O SEU LONGO REINADO NA SELEÇÃO BRASILEIRA

por Pedro Tomaz de Oliveira

Após a conquista definitiva da Taça Jules Rimet, na qual se fez representar com uma geração de ouro de jogadores extraordinários, o futebol brasileiro continuou sendo um celeiro de grandes craques nas mais diversas posições. Uma nova geração de talentos desabrochou nos anos 1970 e, frente a tanta quantidade e qualidade à disposição, os treinadores que assumiram o comando técnico da Seleção conviveram com aquela dor de cabeça na hora das convocações e da escalação do time titular. Contudo, numa posição havia pouquíssimas dúvidas: o goleiro.
A partir da disputa da Taça Independência (Minicopa), passando por duas copas do mundo e vários amistosos, a escolha de quem ocuparia aquele cargo de confiança do treinador sempre recaía sobre os ombros, ou sobre as mãos, de Emerson Leão que, na campanha do tri, era apenas o nosso terceiro goleiro — e graças ao corte do atacante Rogério —, concedendo pouquíssimas chances aos seus colegas de posição.

Entre 1971 e 1980, a Seleção Brasileira fez 95 jogos oficiais (segundo a Fifa, jogos contra seleções nacionais, amistosos ou não), sendo que Leão esteve em campo em 62 deles, todos como titular, exceto um, quando entrou no segundo tempo. Com ele, o Brasil obteve um aproveitamento de 74%, com 37 vitórias, 18 empates e 7 derrotas, sofrendo 32 gols, porém, com duas copas do mundo e uma Copa América perdidas. Um longo reinado só interrompido a partir da efetivação de Telê Santana como técnico exclusivo da CBF no início de 1980.

Emerson Leão, em ação no jogo Brasil 1 x 0 Áustria, Copa do Mundo de 1978, na Argentina

Contrariando a crítica especializada e clamores de parte da torcida pela convocação de Leão e do goleiro Raul, na época em grande fase no Flamengo, Telê testou outras opções e acabou levando à Copa da Espanha, em 1982, os goleiros Valdir Peres, Carlos e Paulo Sérgio. No entanto, no ano seguinte, Leão retomou o seu reinado, graças à contratação do técnico Carlos Alberto Parreira para substituir Telê Santana. Com Parreira, o então goleiro titular do Corinthians somou mais 14 jogos em sua extensa trajetória defendendo o arco da Seleção Brasileira, com 5 vitórias, 7 empates e 2 derrotas, 12 gols sofridos e mais uma Copa América perdida.

Os goleiros do Brasil utilizados em ao menos um jogo oficial entre 1971 e 1979
Surpreendentemente, quando todos já davam por encerrada a carreira de Leão na Seleção, eis que o técnico Telê Santana, no seu retorno ao comando do escrete na Copa de 1986, o relacionou entre os três goleiros que foram à Copa novamente realizada no México. Leão, já de volta ao Palmeiras após 8 anos defendendo outros clubes, foi o que mais se surpreendeu: “Ele me convocou, só que acho que ele cometeu o segundo erro, pior do que o primeiro. Me convocou com 38 anos para ver a Copa do banco? Chamasse um garoto, como fizeram comigo em 70, quando tinha 19, 20 anos. Acho que ele errou duas vezes comigo”, disse em entrevista ao Portal UOL, em 2014.

Emerson Leão – Copa do Mundo de 1978 – Ilustração de Xico.

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