Viver é ter curiosidade

A frase é do paisagista Burle Marx, criatura que praticou, em cada minuto de sua fecunda vida, essa grande verdade. Aí de quem não é curioso, os que se acomodam num canto, os indiferentes, alheios à vida que desfila diante de seus olhos, os que passam pela existência em branca nuvem. Qual eremitas, não morrem mas também não vivem.

                É bom matar a curiosidade, despertar a surpresa com a descoberta da origem de palavras, provérbios, expressões populares e eruditas, tesouro que alimenta o espírito.

OMO – Essa marca de sabão em pó teve, nos anos 50, o mais retumbante lançamento na história da publicidade no Brasil. Durante semanas, todo mundo perguntava o que seriam as três letrinhas misteriosas. Houve quem pensasse até em algum aviso extraterrestre! Afinal, a revelação: um prosaico produto que com tão formidável promoção, vendeu mais que chuchu na feira e até hoje é sucesso. Mas, afinal, o que significa OMO? Ora, nada mais que as iniciais da expressão em inglês, de old mother owl, mamãe coruja, aquela dona de casa da época, que tanto se preocupava com a brancura, a limpeza e o cheirinho bom da roupa da família, principalmente de seus queridos pimpolhos.

Kodak – Na segunda metade do século XIX o empresário americano George Eastman, inventor da câmara fotográfica portátil, decidiu dar-lhe marca universal. Uma palavra neutra, de fácil pronúncia em qualquer idioma e que gravasse fortemente na mente do público. Depois de muitíssimas elucubrações, eureka! (achei, em grego), nasceu Kodak, palavra que qualquer pessoa associa à fotografia. Gol de placa.

Estrogonofe – O conde e diplomata russo Paul Stroganov, de rica família de financistas e mecenas de Novgorod, na Rússia, que viveu no século XIX, gostava tanto desse guisado de carne bovina ou frango picado, feito com molho de creme de leite, batata sautées e cogumelos que os cozinheiros de seu castelo adotaram o nome do patrão para o prato, ainda um dos preferidos em qualquer restaurante que se preze.

Armário – Do latim armarium, lugar onde se guardam armas. Atualmente, é móvel onde se acomodam objetos e seres variados. Seres, sim. Assim foi o caso do neto que perguntou à avó o que era amante. A velhinha deu um tapa na testa e um grito – amante! – , correu para o quarto, abriu a porta do armário e de lá caiu um esqueleto. Qualquer dúvida sobre a historinha, consulte o professor Reinaldo Pimenta.

Velcro – O engenheiro suíço Georges de Mestral tinha o hábito de caminhar no bosque e ficava irritado ao encontrar carrapichos grudados em sua roupa. Procurou então descobrir como eles conseguiam agarrar-se tanto, sem nenhuma substância adesiva. Acabou descobrindo que as patas dos carrapichos terminam em pequenos ganchinhos que se prendem a qualquer coisa peluda. Assim nasceu o velcro, combinação de duas palavras: velours, veludo, e crochet, gancho.

Lambisgóia – A origem, embora controversa, provavelmente deriva do verbo lamber, do latim lambere, passar a língua sobre alguma coisa. Designa mulher namoradeira, de trato fácil com os homens e é pronunciada severamente por mulheres casadas quando se referem à outra, aquela lambisgóia.   

 

 

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O Portal O Ralho é composto por um grupo de artistas digitais que utiliza a política como fonte de inspiração. Dado o tamanho da bizarrice a política é humor próprio e porque é, em si, uma coisa engraçada. O humor, ao contrário, é uma coisa muito séria. Provo: a política é toda feita de dribles à imprensa, de desmentidos impossíveis, de promessas jamais cumpridas, de ilusão, enfim, enquanto o humor não engana ninguém: ou é engraçado ou não é, está ali no papel em exibição pública, nu e cru. Seríssimo. Por isso, os políticos em geral são bons humoristas enquanto os humoristas sempre foram péssimos políticos. Então o Ralho traz a visão contestadora, humorística e diária da realidade…

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