Rússia em Alerta Nuclear!
O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, colocou as equipes de controle nuclear em alerta máximo. A União Européia e os Estados Unidos aprovaram a exclusão da Rússia do sistema de pagamentos globais Swift. Vinte e cinco países proibiram que aeronaves provenientes da Rússia adentrassem em seu espaço aéreo.
Já falei muito aqui na rede sobre a guerra híbrida que se passa no mundo inteiro, ocorre que a Rússia, neste momento muito bem calculado e planejado, dá um passo gigantesco rumo a seus novos objetivos. Nas palavras de Sergey Karaganov, a Rússia entrou em uma nova era de sua política externa: uma ‘destruição construtiva’.
O mundo não contava que a China, em franca ascensão, elevada ao posto de superpotência mundial, teria a partir da década de 2010 uma aproximação tão forte com Moscou, o que modificaria completamente o cenário geopolítico mundial, e, por consequência, permitirá a Rússia dar seu próximo passo no caminho a reconstrução de seu status de liderança global,
É tolice imaginar que Putin não previu cada uma das reações do Ocidente, e de seu titereiro, os Estados Unidos, como bloqueios econômicos, suspensão dos bancos russos do sistema Swift, e o fornecimento de armas por parte da OTAN a seus inimigos, como no caso da Ucrânia. Putin sempre calculou cada um de seus passos, cada uma de suas ações faz parte de um planejamento que engloba a reconstrução do poderio russo frente ao Ocidente.
Se na Década de 90 vimos uma Rússia fragilizada e sem condições de ditar os cursos da política internacional, inclusive em suas próprias fronteiras, o cenário atual é completamente diferente, Putin deu início ao seu plano de ‘destruição construtiva’. A invasão à Ucrânia é um ultimato aos Estados Unidos e a OTAN, não é um fricote ou uma frivolidade de um líder maluco, com sede por poder, buscando uma expansão desenfreada de seu território. Longe disso. Putin está lançando as novas bases para o relacionamento entre a Rússia e o Ocidente, não mais se colocando no papel de país atrasado e enfraquecido, mas como uma nação forte, destemida, independente, e com uma retaguarda excepcional: a China.
Putin conhece muito bem a OTAN, sabe que a chamada aliança é apenas um pretexto para que os Estados Unidos possam viver de agredir quem lhes aprouver, e na hora que bem entender. Sabe que não é verdade que o artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte garante defesa mútua dos aliados de forma incondicional, e sabe mais, sabe que os Estados Unidos jamais lançariam um ataque nuclear contra outra potência nuclear, apenas para defender um país membro da Aliança. O imperialismo norte-americano sabe que um ataque nuclear, contra um inimigo que também dispõe da mesma tecnologia, significa uma resposta nuclear, e isso definitivamente não está nos planos dos ianques. Os americanos não desejam converter seu território em um cemitério radioativo.
O presidente russo sabe o que deve fazer, e fará. Sabe que a atual ordem global está desmoronando, que o Ocidente está em decadência, que não tardará sua degradação política, ética, econômica e moral. Sabe que as elites ocidentais terão que recorrer inevitavelmente as receitas do passado, dos tempos da Guerra Fria, porém agora, terão não mais um inimigo fraco e com aliados fracos, mas um país que soube construir suas bases para suportar as pressões externas, tendo como aliado de primeira hora a nova superpotência global, e aliados dispostos a subverter a atual ordem mundial, como o Irã e países da América Latina.
Nas palavras de Sergey Karaganov: “O Ocidente pode tentar nos intimidar com sanções devastadoras – mas também somos capazes de dissuadir o Ocidente com nossa própria ameaça de uma resposta assimétrica, que paralisaria as economias ocidentais e perturbaria sociedades inteiras.”
Observar o conflito atual entre Rússia e Ucrânia como um capricho ou desvario de Putin é um erro, a invasão da Ucrânia é um divisor de águas, é um ultimato ao Ocidente capitaneado pelos ianques, é um novo grito de independência da Rússia, apontando uma nova era nas relações com o Ocidente, mas, principalmente com os Estados Unidos e a OTAN.
Compreender os acontecimentos atuais não significa defender ou justificar a guerra, mas saber que a autodeterminação dos povos é o que dá real significado a uma nação. Quando o primeiro míssil caiu em solo ucraniano, o mundo mudou, foi transformado, teve seu equilíbrio abalado, daqui para frente, veremos um mundo diferente em funcionamento, mesmo com o ladrar raivoso de um Ocidente perdido, encurralado, decadente, e que não sabe para onde ir, além de se refugiar em táticas ultrapassadas e que não terão qualquer efeito prático.
Putin fez o que fez pelos seus, porém, cabe a nós, latino-americanos, termos sensibilidade para colher os frutos doces que estarão disponíveis para quem se dispuser a sair das sombras da subserviência, e abandonar a posição de joelhos frente a um imperialismo norte-americano decadente, em franca ruína.
Por Patrick Mateus