No balanço inicial do episódio é necessário assinalar que em nada afetou a capacidade ofensiva russa na Operação Militar Especial que leva a efeito na Ucrânia.
No cenário externo, as potências imperialistas ocidentais limitaram-se a dizer que estavam monitorando e observando os acontecimentos. Nenhum chefe de Estado e Governo se arvorou a assumir explicitamente o lado dos amotinados e todos se acautelaram aguardando a reação do Kremlin. Mas nos bastidores e por meio da mídia, enfastiaram o público com previsões catastrofistas de caos e guerra civil, feitas por intelectuais e jornalistas de fancaria. Esfregaram as mãos na torcida para que em caso de instabilidade grave, aparecesse um líder dissidente sem as características do chefe do Wagner, capaz de substituir Putin e conduzir a favor dos planos imperialistas o governo da Rússia. Por isso, a ênfase dos editoriais e manchetes se volta para difundir a versão de que o governo de Putin está em profunda crise, que o líder do Kremlin está vivendo uma situação política inarredável, nunca esteve tão fraco internamente e “ainda mais isolado” internacionalmente. Em tal quadro, a histeria russofóbica e a destilação de veneno contra a unidade do país tendem a aumentar.
Uma nota final sobre o uso de grupos mercenários em conflitos. Os Estados modernos, e mais ainda aqueles que defendem causas justas e progressistas, são incompatíveis com a noção e a existência de milícias, grupos paramilitares e organizações militares privadas para uso em conflitos externos.
O Grupo Wagner é uma dessas organizações, supostamente composta por ex-militares e veteranos das forças especiais. Algumas fontes se referem ao recrutamento em massa de ex-presidiários. Sua notoriedade advém da participação em conflitos como na Ucrânia, Síria e Líbia, onde atuaram em prol dos interesses russos.
Tal prática não é de patente exclusivamente russa. O uso de grupos mercenários é corrente nos Estados Unidos e em outros países ocidentais. O mais célebre é o Blackwater, agora rebatizado como Academi, cuja notoriedade está ligada às operações militares criminosas no Iraque e no Afeganistão, sob contrato com o governo estadunidense.
Está aí um tema que pode suscitar bons debates não só na mídia mas também nas chancelarias e organismos internacionais.