Prisão de Braga Netto é recado para Bolsonaro

“Se não marchar direito, vai preso no quartel”, escreve Alex Solnik

Os mais supersticiosos estão vendo uma conjugação dos astros.

Um dia depois de uma sexta-feira 13, como a de 1968 do AI-5… um dia depois das fotos de Lula recuperado… no mesmo dia do aniversário de Dilma Rousseff… mas a realidade é que Braga Netto foi preso num sábado, 14, porque na quinta-feira, 12, quando seria, estava em Alagoas, a passeio.

Além de calar os que sempre foram céticos sobre a punição de generais de quatro estrelas, a prisão inesperada, antes, até do indiciamento pela Justiça, é um recado para Bolsonaro.

Ou se comporta, ou será o próximo.

Tal como diz a marchinha infantil, “se não marchar direito, vai preso no quartel”.

A situação de Bolsonaro nunca esteve tão complicada. Mauro Cid expôs os bastidores da trama golpista. Se Braga Netto abrir o bico – que é a única saída para diminuir a sua pesadíssima pena – e confirmar tudo o que o ex-ajudante de ordens entregou, aí a vaca vai para o brejo.

Bolsonaro ficará vendido.

E não adianta procurar asilo em embaixadas, porque a PF acompanha seus passos e vai impedir.

Se ele tentar, fará companhia a Braga Netto.

Intimidar testemunhas, além de ser motivo para prisão preventiva, é um crime com pena mínima de três e máxima de oito anos.

Se Bolsonaro também não cometê-lo até o fim do processo, sua pena pelos crimes de atentado ao estado democrático de direito, embora bem alta, será menor que a do general.

A menos que o general delate.

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

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