Por Carlos Santiago*

As eleições terminaram, mas os desafios continuam. Lula da Silva e Wilson Lima precisam unir o povo entorno de diálogos e de efetivação de políticas públicas, objetivando melhorar a vida dos brasileiros e brasileiras, independentemente de posições ideológicas. Não é tarefa fácil diante do ambiente econômico, da crescente pobreza e da polarização política existente.

Lula venceu. Uma vitória difícil. Não elegeu nenhum governador no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste e, ainda, vai governar com um Congresso Nacional mais conservador e muito próximo das ideias e das posturas de Jair Bolsonaro.

O presidente eleito terá que governar para todos. Ir além de sua composição eleitoral. Pelas condições atuais do Brasil, as prioridades de governança são enormes. Combate à pobreza, educação inclusiva e de qualidade, fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS e desenvolvimento econômico com geração de emprego e renda.

No plano internacional, Lula terá que incluir o país na agenda positiva. O Brasil é muito importante. Tem peso econômico, é exportador de alimentos, possui uma das maiores democracias do mundo, detém riquezas naturais e culturais e um papel de destaque na diplomacia internacional. Porém, nos últimos anos, o país tem ficado isolado, sem protagonista internacional e com dificuldades de obter novos investimentos.

Wilson Lima foi reeleito. Aproveitou a onda governista e de continuísmo da maioria dos votantes para os governos estaduais. Dos 20 candidatos à reeleição, 18 obtiveram êxitos. Sua parceira eleitoral com o presidente Bolsonaro na cidade de Manaus foi importante para a sua vitória. Agora, precisa de parcerias administrativas com o presidente eleito.

O Amazonas necessita de diálogos com o governo federal. A Zona Franca de Manaus, o principal modelo econômico do estado, embora consagrada na Constituição Federal, requer boa vontade do Poder Executivo Federal para defesa dos incentivos fiscais e agregar novos investimentos.

A rodovia federal BR-319 está destruída. As pontes estão caindo. Os serviços de manutenções estão funcionando de forma precária. Famílias são prejudicadas, agricultores perderam produções e o meio ambiente é impactado com o aterro dos rios.

O combate ao crime organizado a partir das fronteiras não tem resultado positivo. É de conhecimento público que as facções criminosas agem nas fronteiras com violência e com contrabando de armas e de riquezas naturais da região.

A questão ecológica do estado e as atividades de garimpo estão na ordem do dia, no âmbito local, nacional e internacional. Trazer desenvolvimento econômico sustentável e combater ilegalidade, são desafios dos governos eleitos.

No contexto político atual, com mazelas sociais e econômicas enormes, a união e o bem-estar do povo brasileiro têm que prevalecer. Por isso, Wilson Lima e Lula da Silva devem unir forças. Eduardo Braga e os outros representantes do Amazonas no Congresso Nacional precisam contribuir para o Brasil superar seus problemas.

As eleições acabaram. É hora de pensar e agir por um Brasil bem melhor pra viver, independentemente das ideias políticas e religiosas. O país é bem maior e mais importante que os interesses de grupos políticos.

 

Os valores da caquistocracia venceram!

O Brasil não melhorou. Não avança na economia, na educação, na saúde, no combate à pobreza e ao desmatamento. Porém, a maioria do eleitorado brasileiro resolveu apostar nos valores da caquistocracia que preza pelos piores governantes e por pessoas mais desprezíveis e despreparadas para comandar um país ou instituições sociais e, até para receber os aplausos públicos de bajuladores e de ignorantes garbosos.
O resultado das eleições de 02 outubro mostra, também, a escolha dos piores. Os incompetentes ex-ministros foram eleitos; os inescrupulosos chefes do Poder Executivo foram reeleitos ou estão confortavelmente no segundo turno; os omissos presidentes das Casas Legislativas obtiveram votações expressivas; ex-secretários ineficazes e corruptos ganharam cargos eletivos.
A eleição de um ex-ministro do Meio Ambiente para a Câmara dos Deputados, depois de escândalo de corrupção envolvendo madeireiras no Ministério, e o insucesso de um delegado da Polícia Federal, que denunciou uma máfia do setor madeireiro, representam o sucesso da caquistocracia.
Há outros exemplos. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos foi eleita para um dos cargos mais importantes da República, sem trabalho de grande repercussão positiva; o ex-ministro da Saúde, que agiu de forma culposa no caso da vacinação e no combate à pandemia da Covid-19, também foi eleito. Ambos, alcançaram votações expressivas.
Parlamentares que agiram sem ética política em votações na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, movidos pelos recursos públicos do orçamento secreto de bilhões de reais destinados aos seus apadrinhados políticos, obtiveram êxitos nas suas campanhas de reeleição.
Vários presidentes dos Legislativos de alguns estados, venceram com votações marcantes. Campanhas milionárias, abuso do poder político e econômico, omissões diante das corrupções dos governadores, com parlamentos como extensão dos interesses privados, foram marcas de suas reeleições. As atribuições constitucionais dos parlamentares ficaram em segundo plano.
Enquanto o ex-governador de São Paulo, João Dória que lutou e comprou vacinas, salvando assim milhares de brasileiros, sequer conseguiu ser candidato, os vilões da pandemia estão sorridentes com os resultados das urnas. Os legisladores inescrupulosos estão eufóricos com as eleições. A ineficiência na gestão pública saiu vencedora, a maioria do eleitorado parece que “lavou as mãos”.
Os valores da caquistocracia se consolidaram, estão além da administração pública. Ex-bilionário fracassado, ex-empresário falido e religiosos distantes das palavras de Jesus Cristo, agora são ‘coaches’ com agendas lotadas, mesmo após fracassos nos negócios.
O sistema de governo dos péssimos indicadores sociais, políticos e econômicos, triunfou. Não foi uma decisão autoritária, uma imposição de força nem uma ordem de cima para baixo. Foi uma decisão popular, saiu das urnas, uma escolha da maioria do eleitorado. Diante destes fatos, tudo indica que a caquistocracia venceu!

Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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