Não tenho mais estômago para a polícia de Tarcísio

“O espírito do Esquadrão da Morte contaminou a polícia de São Paulo”, escreve Alex Solnik

Não tenho mais estômago para ver as atrocidades que a polícia de Tarcísio de Freitas nos oferece todos os dias.

É PM fazendo segurança de bandido do PCC, é PM matando pelas costas um pobre coitado que roubou besteiras de um mercadinho, é bala perdida de PM matando menino de quatro anos, é PM matando um estudante que não fez nada e hoje a cena mais estarrecedora: um PM joga um rapaz desarmado e indefeso, que não lhe fez absolutamente nada, de cima do viaduto, como se fosse um saco de batatas.

E a seguir age como se nada tivesse acontecido.

As imagens não são da câmera do policial, como deveria ser, e sim do celular de um anônimo que estava no local.

Não é mais possível assistir a tanta bestialidade.

O PM foi afastado, disse o secretário da Segurança. Mas não basta afastar. Ele deveria ser preso em flagrante por homicídio qualificado. E puxar uma longa cana em presídio de segurança máxima.

Para servir de exemplo aos colegas de farda.

Nem nos piores tempos da ditadura, quando o famigerado  Esquadrão da Morte mandava em São Paulo, via-se cenas tão monstruosas. O delegado Sérgio Fleury e seus assassinos de estimação eram bandidos execráveis, mas não matavam crianças.

Nem consta que jogaram alguém de um viaduto.

Essa polícia, que nós pagamos para nos proteger, ocupa-se mais em matar, e como esses PMs obedecem a uma hierarquia, a um comando, não há como admitir que cometem todas essas barbaridades por vontade própria, sem obedecer aos seus superiores.

No alto da pirâmide de comando estão o secretário da Segurança Pública, o coronel Derrite e o governador Tarcísio de Freitas.

O Esquadrão da Morte só foi extinto quando seus crimes foram expostos no histórico processo comandado pelo então procurador-geral Hélio Bicudo.

Desta vez não é um grupo de dez ou vinte.

O espírito do Esquadrão da Morte contaminou toda a polícia de Tarcísio.

Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

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