Por Carlos Santiago*
Idealizado por terroristas integrantes dos movimentos radicais da direita bolsonarista, o golpe contra a democracia fracassou, em Brasília. E, mais: serviu para demonstrar a força da democracia brasileira, dos Poderes da República e de instituições de Estado que, quando atacados, unem-se e contra-atacam de forma alinhada e harmônica em defesa do Estado Democrático de Direito. Agora, a missão institucional é identificar os golpistas, os seus financiadores e, dentro do devido processo legal, punir todos, inclusive os seus mentores.
Democracia é um sistema político em que o povo, em eleições periódicas, escolhe os seus governantes. É um pacto civilizatório de convivência dos que pensam diferente. É a garantia da liberdade de expressão nas suas diversas formas, da liberdade de organização associativa e de manifestações públicas. Porém, a democracia não autoriza o cometimento de crime de terrorismo e nem legítima atos ilícitos contra o Estado Democrático de Direito, contra a honra e a imagem de pessoas. Portanto, quem agiu e age ou incentivou crimes contra a democracia e os Poderes da República merece punição.
Ações de vândalos criminosos, de golpistas, de terroristas e de atos antidemocráticos, protagonizados por bolsonaristas, em todo país, em especial em Brasília, no último domingo, com destruição de patrimônio nacional, merecem repúdio de toda sociedade brasileira, pois foram não somente contra prédios públicos, mas também, agiram contra a memória nacional, contra a história povo brasileiro e, especial, contra os valores democráticos.
E, quando os valores democráticos são atingidos, toda a sociedade é agredida, porque a democracia tem valor coletivo, é de todos.
É preciso, portanto, chegar nos responsáveis pelos atos antidemocráticos, os seus militantes, os seus financiadores e as suas lideranças políticas que dão sustentação moral e ideológica aos eventos. Não é difícil a responsabilização de Bolsonaro. Precisa ser responsabilizado pelos crimes cometidos por ele e pelos bolsonaristas extremistas que agiram movidos por narrativas ideológicas do ex-presidente.
É fato que ex-presidente buscou ao longo do mandato destruir a confiança do sistema eleitoral do país, promoveu agressões verbais contra ministros do Supremo Tribunal Federal – STF e aparelhou ideologicamente as forças armadas e várias instituições religiosas com pautas reacionárias e golpistas, deixando, ainda, um lastro de destruição em quase todas às áreas de gestão do governo federal.
Os atos terroristas registrados em Brasília, os acampamentos fervorosos em frente dos quartéis e a exclusão social e econômica de brasileiros, apontam para a capacidade destruidora das ideologias nas ações das pessoas e nas decisões de governantes. Evidencia, também, o quanto é importante o país buscar melhorar a política, o político, as instituições de Estado e levar cidadania a toda população.
Sociólogo, Analista Político e Advogado.