Bolsonaro é a cereja do bolo

‘Não foi preso porque não tem a quem delatar’, escreve o colunista Alex Solnik sobre o político da extrema-direita

O preso mais importante na operação de hoje da Polícia Federal é o general de Brigada Mário Fernandes, que fez parte do governo Bolsonaro e era próximo do então presidente da República.

Ele chegou a dizer, ao microfone, numa reunião ministerial, que “alguma coisa” tinha que ser feita “antes da posse” do novo presidente.

E com ele foram encontrados, como soubemos hoje, planos detalhados para matar o presidente e o vice eleitos e o presidente do TSE, com a consequente formação de um “governo provisório” comandado pelos generais Augusto Heleno e Braga Netto.

O plano só não se consumou, embora tenha sido detonado, com o monitoramento de Lula e de Alexandre de Moraes, porque os comandantes do Exército e da Marinha rejeitaram a proposta de Bolsonaro.

A prisão do general Mário Fernandes é “preventiva”. Não pode passar de 81 dias. É o período que a Polícia Federal terá para arrancar dele novos detalhes do plano e implicar mais gente na conspiração e, em caso extremo, fazer uma delação premiada contra Bolsonaro e Braga Netto, os dois principais interessados no sucesso da conspiração.

Bolsonaro e Braga Netto não foram presos hoje porque eles são as cerejas do bolo. Estão no topo da pirâmide, não têm a quem delatar. E, de mais a mais, ficariam presos por apenas 81 dias.

Serão presos, sim, mas só depois do trânsito em julgado do processo, e vão cumprir penas muito maiores.

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

 

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