O manual do golpista amador

Por Alex Solnik*

“Chamar aquilo que aconteceu em Brasília em 8/1 de tentativa de golpe de estado é um insulto aos verdadeiros golpistas”, diz Alex Solnik

Pensando bem, passado quase um mês, chamar aquilo que aconteceu em Brasília em 8/1 de tentativa de golpe de estado é um insulto aos verdadeiros golpistas.

Tentativa de golpe de estado foi o que ocorreu na Venezuela, a 11 de abril de 2002. O presidente Hugo Chávez foi detido pelo Exército. Congresso e Supremo foram dissolvidos. Mas, em 47 horas, os generais, sem encontrar consenso e apoio internacional, deram para trás. Esse é um exemplo de tentativa de golpe de estado fracassada.

Há exemplos “bem sucedidos”. A 1o. de fevereiro de 2021, a líder de Mianmar, Aung San Suu kyi, foi presa pelo comando do Exército, tal como o presidente do país, Win Myint e outros líderes do partido que estava no poder. Os militares continuam mandando e desmandando em Mianmar.

Tanto na Venezuela quanto no país asiático, os golpes tinham imagens em comum: tanques deslizando nas ruas, generais no comando.

*Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

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O Portal O Ralho é composto por um grupo de artistas digitais que utiliza a política como fonte de inspiração. Dado o tamanho da bizarrice a política é humor próprio e porque é, em si, uma coisa engraçada. O humor, ao contrário, é uma coisa muito séria. Provo: a política é toda feita de dribles à imprensa, de desmentidos impossíveis, de promessas jamais cumpridas, de ilusão, enfim, enquanto o humor não engana ninguém: ou é engraçado ou não é, está ali no papel em exibição pública, nu e cru. Seríssimo. Por isso, os políticos em geral são bons humoristas enquanto os humoristas sempre foram péssimos políticos. Então o Ralho traz a visão contestadora, humorística e diária da realidade…

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