A partir de agora, a luta deve ser para que Bolsonaro responda pelos seus crimes

“Esse é um aspecto fulcral para evitar que futuros projetos de déspotas se aventurem a repetir a tragédia que Jair Bolsonaro conduziu”, diz Cesar Calejon

Por César Calejon* 

Em uma de suas obras, o poeta escocês Robert Louis Stevenson escreve que, “(…) mais cedo ou mais tarde, todos se sentam para um banquete de consequências”.

Recentemente, alguns dos principais artífices da onda do golpismo que acometeu a América Latina durante os últimos anos passaram a arcar com a suas devidas responsabilidades.

Jeanine Áñez Chávez, na Bolívia, Juan Guaidó, na Venezuela, e Sergio Moro, no Brasil, são apenas alguns exemplos. Em alguma medida, todas essas figuras começaram a experimentar os efeitos que o uso das suas respectivas atitudes produziu e que, enquanto estiveram totalmente embriagadas pela ilusão do poder fácil, não foram capazes de mensurar.

Contudo, este processo de responsabilização encontra-se em suas etapas ainda iniciais. Muito deve ser feito a seguir, sobretudo, após a derrota eleitoral do bolsonarismo, que se avizinha com a chegada das eleições de outubro, e durante o ano de 2023.

Bolsonaro é um criminoso contumaz. Durante a sua gestão, mais de 668 mil pessoas morreram por conta de uma doença que ele, deliberadamente, ajudou a disseminar e minimizou a seriedade.

Entre 2019 e 2022, o líder do bolsonarismo cometeu todos os crimes possíveis e imagináveis em diversas searas da vida nacional. Devastou a economia, entregou o patrimônio nacional, estimulou a explosão da violência, da criminalidade e da intolerância, envolveu-se em escândalos de corrupção do governo federal, desavenças internas e externas de todas as ordens, solicitou a ingerência de uma nação estrangeira nos assuntos sociopolíticos brasileiros e conseguiu com que todos os indicadores sociais apontassem a deterioração dos padrões de vida, além de promover ativamente o desmatamento recorde das florestas e regiões de preservação do país.

Com o bolsonarismo, a nação viu-se confrontada com os efeitos práticos que utilizar o ódio, o medo e os elitismos histórico-culturais combinados às redes sociais digitais para eleger os seus líderes representativos acarretam, invariavelmente. Além disso, lamentavelmente para o Brasil, a ascensão do bolsonarismo ainda coincidiu com a pior pandemia do século.

Neste contexto, a partir de agora, para muito além de derrotar o bolsonarismo em outubro deste ano, a luta deve ser para que Bolsonaro responda pelos seus crimes perante a justiça.

Esse é um aspecto fulcral para evitar que futuros projetos de déspotas se aventurem a repetir a tragédia que Jair Bolsonaro conduziu no Brasil.

César Calejon*

Jornalista, com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV e mestrando em Mudança Social e Participação Política pela USP. Autor dos livros ‘A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI’, ‘Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil’ e ‘Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofacismo no Brasil’

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